sábado, 23 de novembro de 2013

 
A GENEROSIDADE DAS CRIANÇAS



Já não via estes meus sobrinhos-netos há algum tempo. A minha sobrinhita-neta, de 3 anos e meio, surpreendeu toda a família com uma atitude de plena bondade, ternura e  imensa sensibilidade.
Marcámos encontro num jardim com parque de diversões para crianças, com escorregas, baloiços, esconderijos e muito mais.   As saudades eram imensas de ambos os lados!  Quando nos  vimos delirámos todos de alegria.  A pequenina correu para um canteiro cheio de florzinhas (lantanas), colheu três, fez um pequenino bouquet e ofereceu-mo.



Fiquei enternecida com aquela prendinha tão especial! 
Depois seguiram-se as corridas, subidas e descidas no escorrega.  Estavam os dois eufóricos
num frenesim de imensa alegria!...
De repente, a pequenina avistou uma senhora sentada numa pedra com olhar alheio, como que perdida, a observar as crianças
 que brincavam e riam desenfreadamente.   Aproximou-se dela, observou-a e voltou a correr para junto de mim e pediu-me uma das florzinhas que me tinha oferecido.  Dei-lha com um beijinho e ela com a florzinha na mão correu em direcção à senhora e ofereceu-lha,
trocando com ela algumas palavras.   
Quando regressou para junto dos adultos, perguntei-lhe porque tinha oferecido a florzinha àquela senhora.  Com uma vozinha doce mas convicta, respondeu-me:
 - A senhora estava triste e não tinha nenhuma flor!...
Ficámos todos muito sensibilizados com a reacção daquela pequenina que acabava de dar uma lição de amor, bondade e generosidade aos adultos.!.. Nenhum de nós tinha reparado naquela infeliz mulher, que, sentada numa pedra,  sozinha, alheia, olhava o mundo à sua volta que transbordava de alegria e felicidade!...

Bendita seja a bondade e generosidade das crianças!... 


 

domingo, 3 de novembro de 2013


VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
 Desloquei-me a uma grande superfície no Dia de Todos os Santos, para comprar flores.  Á minha frente encontrava-se uma senhora idosa extremamente nervosa, contorcia-se e inclinava-se vezes sem conta para espreitar a porta da entrada.  Perguntei-lhe porque estava tão nervosa e ela respondeu-me que o marido já tinha descido para a garagem com as compras e já lhe tinha telefonado duas vezes a dizer-lhe que se fosse embora.  A pobre senhora lamentava-se dizendo que ele era terrível e que não tardava que a viesse buscar por um braço!...
 Mas a florista, era inexperiente, muito vagarosa e não conseguia fazer o laço que
rematava o ramo de flores e a senhora tremia que nem varas verdes e levava uma das mãos à cabeça, onde se podia ver uma ligadura... e exclamava: 
 Ai, valha-me Deus que a rapariga nunca mais se despacha!... 
Finalmente o ramo ficou pronto.  
O meu marido que também presenciou o estado de nervos em que a senhora se encontrava  concordou que era melhor que a acompanhasse até ao carro. 
Dei-lhe o braço e dirigimo-nos para a garagem onde o marido se encontrava. Neste pequeno percurso foi-me relatando os maus tratos que o marido lhe infringia frequentemente, e o ferimento na mão tinha sido ele pois tinha-lhe atirado um objeto cortante que se tinha cravado na mão.   Disse-me ainda que tinha pena de já ter 76 anos pois se fosse mais nova que o deixava.
Na ânsia de a ajudar, em tão pouco tempo, fui-lhe dizendo que estava a ser vítima de violência doméstica e que não se devia calar, devia dizer às amigas e vizinhas os maus tratos que ele lhe dava, e quando estivesse a ser maltratada,  que abrisse portas e janelas para que todos ouvissem e a viessem ajudar, pois hoje a violência doméstica é um crime!...  Que não se calasse, que denunciasse a situação, pois o marido podia tornar-se cada vez mais perigoso,  que não permitisse que ele a destruísse psicológica e fisicamente!...
Quando chegámos ao carro, o marido não saiu do carro, tinha a porta do seu lado trancada e ela
pediu-lhe que a abrisse.   Dirigi-me a ele dizendo-lhe que a esposa não tinha culpa de se ter atrasado pois as meninas da florista eram inexperientes e as pessoas que se encontravam na fila já estavam  todas exasperadas! ... Disse-lhe ainda que tínhamos que ter paciência uns com os outros, que a vida era muito curta para a desperdiçarmos com coisas insignificantes, que íamos homenagear Todos os  Santos e os nossos Entes queridos... Hoje Eles, amanhã nós!...E que a vida era mais bonita se nos entendêssemos, nos perdoássemos e vivêssemos em harmonia uns com os outros!...
O senhor, nada disse!... 
 Despedi-me, desejando-lhes um bom Dia de Todos os Santos! ... e  enquanto o carro se afastava pedi a Todos os Santos para que as minhas palavras tivessem produzido algum efeito, ou,  pelo menos, naquele momento, tivessem evitado mais um sofrimentos àquela pobre senhora. 
O carro desaparecia ao fundo da estrada e nós ainda trocávamos beijinhos, que se iam perdendo no espaço !!!!
Que Todos os Santos tenham estado presentes, naquele momento!
A todas as mulheres vítimas de violência doméstica eu dedico
este ramo de antúrios!