sábado, 26 de junho de 2010

O BEBÉ RENASCIDO DAS CINZAS

No meio do ferro velho e trastes sem fim,
um boneco bebé, virado de costas
emergia de um montão de velharias...
Peguei nele, virei-o, observei-o... era de porcelana!
Estava imundo, não
tinha expressão, os olhos estavam enevoados, sem brilho,
o cabelo acinzentado,
as vestes de cor indefinida,
amarelecidas pelo tempo.
Imaginei... provavelmente teria sido o encanto de alguma
criança, entretanto teria crescido e voado para parte incerta,
abandonando-o nalgum baú ou guarda-roupa... por certo, quem sabe?
De imaginação em imaginação, pensei indecisa... compro-o, levo-o?
de repente decidi e disse: - Compro-o!
recriminando-me à partida por ter incorrido nalguma asneira...
Confesso que o enfiei num saco com alguma relutância!
Alguns dias depois decidi mexer-lhe, não sabia por onde começar...
Finalmente despi-lhe as vestes com a ponta dos dedos,
seguindo-se um banho generoso. À medida que o ia limpando
os olhos brilhavam, eram azuis acinzentados com
lampejos de sol e de vida.
O cabelo empastado pela sujidade, virou louro reluzente como
o de um bebé bem cuidado.
A boca ficou a sorrir como o de um bebé feliz, mostrava a língua
e os dentinhos a desabrochar...
A pele ficou macia, sedosa e cheirosa...
O fatinho amarelecido pelo tempo ficou da cor de uma rosa
perfumada acabada de colher...
O meu bebé virou gente, é um bebé vivo, renascido das cinzas!
Tornara-se numa boneca bebé linda! Está a sorrir, os olhos
brilham de felicidade e a boca parece balbuciar as primeiras
palavras de uma criança feliz: - Olá mamã, Olá, Olá!

E ASSIM SE TRANSFORMOU UMA INUTILIDADE
NUM OBJECTO DIGNO DE AINDA PARA FAZER SORRIR
UMA CRIANÇA!
me