CASAS DE PASSARINHOS!
(Os meus Ninhos)
Os meus ninhos não foram roubados às árvores, nem aos beirais do telhado, simplesmente vão caindo e eu vou-os apanhando e guardando com todo o enlevo, carinho e respeito.
Estes já têm algum tempo, mas tenho-os conservado, como se se tratasse de uma relíquia ou de uma verdadeira obra de arte arquitetónica em sinal de respeito e admiração por aqueles animais, pais extremosos e laboriosos que os construíram. Todos os dias os ouço a cantar ao desafio e vejo-os passar frente à minha janela, em voos rasantes, levando no bico palhinhas, tronquinhos e peninhas que vão entrelaçando com toda a mestria até completarem o seu lar onde aconchegarão os ovos e mais tarde, após a eclosão, os seus filhotes.
Aqui estão eles:
Mas hoje fiquei muito triste, muito mesmo!...
Ao desbastarem os cedros caiu um ninho de melro cheio de ovos e partiram-se todos. Apanhei-o e fiquei com ele na mão à espera que acontecesse um milagre, mas não havia nada a fazer...
Este ninho, para além das peninhas, tronquinhos e musgo com que foi feito, tem também uns novelinhos de lã de borrego, caídos de uma almofada, entretanto apanhados e transportados para o seu interior de modo a torná-lo ainda mais confortável... Estes dois novelinhos de lã mais parecem dois ovinhos !... Por tudo isto podem apreciar a tristeza que senti:
De repente veio-me ao pensamento um poema que recitava quando criança, vezes sem fim e que aqui transcrevo em homenagem ao autor da minha infância:
Os Ninhos
Os passarinhos
Tão engraçados,
Fazem os ninhos
Com mil cuidados.
Tão engraçados,
Fazem os ninhos
Com mil cuidados.
São p'ra os filhinhos
Que estão p'ra ter
Que os passarinhos
Os vão fazer.
Nos bicos trazem
Coisas pequenas,
E os ninhos fazem
De musgo e penas.
Que estão p'ra ter
Que os passarinhos
Os vão fazer.
Nos bicos trazem
Coisas pequenas,
E os ninhos fazem
De musgo e penas.
Depois, lá têm
Os seus meninos,
Tão pequeninos
Ao pé da mãe.
Os seus meninos,
Tão pequeninos
Ao pé da mãe.
Nunca se faça
Mal a um ninho,
À linda graça
De um passarinho!
Mal a um ninho,
À linda graça
De um passarinho!
Que nos lembremos
Sempre também
Do pai que temos,
Da nossa mãe!
Sempre também
Do pai que temos,
Da nossa mãe!
(Afonso Lopes Vieira)
16 Comentários:
Que bonito Maria Eduarda....
A princípio pensei que tinhas ficado com os ninhos e os ovos..eheheh
Mas foi outra coisa. Já viste o labor tão querido dos passarinhos?
Beijinhos
Que ternura, que ternura... Gostei tanto de ver. É a maravilha da mãe-natureza, dando a todos a capacidade de construir o seu ninho.
Acidentes acontecem e são uma pena. Percebo como deve ter ficado triste.
Mas acho uma ternura que guarde essas verdadeiras obras de arte.
Bem haja, Maria Eduardo.
É engraçado, que tive uma colega que guardava vários ninhos em casa, que também ía apanhando. Gostei da ideia. E agora vejo aqui os seus (que são mais)...
Essa poesia é muito bonita e quando andava na escola primária, soube-a de cor. Agora já não me lembro.
Bonito post!
Um beijinho e bom fim-de-semana!
São lindos e a tua imaginação criativa ainda é maior .
Tenho imensa pena de vivermos tão longe, uma da outra,caso contrário,faziamos coisas maravilhosas.
Deus assim o quis!!
Muitos beijinhos de PARABÉNS.
naty
Olá JP,
É verdade, os animais dão-nos verdadeiras lições de vida e fiquei mesmo muito triste com este incidente, pois o ninho estava cheio de ovos, e cada ovo era mais um melro a cantar aqui no meu jardim. Enfim, a vida é assim.
Obrigada por ter gostado.
Um beijinho
Olá UJM,
Obrigada pelas suas palavrinhas, fiquei mesmo desolada, se os ovos não se tivessem partido ainda tentava fazer um buraco nos cedros para ver se a melra lá voltava, mas assim nada feito e elas são muito desconfiadas, não resultaria.
Um beijinho e volte sempre.
Olá Isabel,
Como gosto e aprecio muito a natureza não tive coragem de os deitar fora, conservo-os dentro de duas caixas grandes para eles não se amachucarem e por sinal tinha fotografado os mais antigos para fazer um post, quando aconteceu este acidente... aproveitei a juntá-lo aos outros ninhos e contar a história. Também me lembro desta poesia, do tempo da escola primária e que recitava... Enfim. Ficaram estas boas lembranças!
Obrigada por ter gostado e deixo-lhe um beijinho
Olá naninha Naty,
Obrigada pelos parabéns. Como sabes gosto muito de animais e da natureza, e os melros nidificam aqui nos cedros e dá-me imenso prazer vê-los atarefados a carregarem os materiais para construíram os ninhos... de os ouvir cantar e de se banharem. Este deu-me pena pois estava cheio de ovos. Enfim, sou fruto do mimo que vocês me deram!...
Um beijinho muito grande
Além da tua paciência com os ninhos que apreciei bastante, fiquei feliz por recordar um dos poemas que a minha mãe nos dizia antes de dormirmos. Foi bom este bocadinho com recordações tão grandes!
BJS
MJ
Olá Amiga MJ,
É verdade, a tua amiga tem várias paixões, dentre elas os animais e a natureza. Lembro-me de recitar este poema na escola primária... era tudo um encanto! Obrigada pela tua aparição aqui no meu cantinho e espero que estejas a recuperar bem dos estragos que a maldita panela de pressão causou.
Um beijinho grande
Fico com uma certa inveja da Eduardinha,isto no bom sentido da palavra,mas já não tenho idade para mais.Parabéns.
Beijinho, Maria Mestra
Olá Amiga Maria Mestra,
Gostei muito da sua visita, pela pessoa maravilhosa que encerra dentro de si. Um dia gostaria de partilhar com os meus outros amigos e visitantes do meu blogue, a sua história de vida, uma verdadeira lição de resignação, coragem e amor. Bem haja pelo ser humano que é.
Um beijinho do tamanho do mundo.
A amiga Eduardinha
Uma ternura os seus ninhos, um espanto o engenho como são construidos. A Natureza na sua perfeição, quando liberta da mão do homem .
Imagino o seu desgosto com a queda do ninho! Imagino-a a querer reconstrui-lo, a devolvê-lo ao espaço que lhe foi roubado.
Obrigada, como sempre, pela partilha.
Beijinho.
Olá GL,
Obrigada por ter visto os meus ninhos, são para mim um mimo que a natureza pôs à minha disposição para admirar e preservar! De facto fiquei com o ninho na mão a pensar como haveria de o reconstituir, enquanto os ovos permaneciam no chão aos pedaços, mas não houve luz nenhuma.
Um beijinho GL e obrigada pelas suas palavras
Que linda a sua coleção de ninhos! Eles são feitos com tanto cuidado que é mesmo muito bonito de ser ver. Há tempos encontrei dois ninhos de beija-flor aqui no meu jardim e eles são um encanto.
Fiquei triste também quando um temporal virou uma casa de joão-de-barro e os dois filhotinhos morream na queda. Pude ver que o ninho era todo acolchoado por dentro com penas e algodão.
Costumo, ao limpar o filtro da secadora de roupas, retirar todo aquele algodão e felpas e ao invés de jogar no lixo, espalho no quintal e jardim, para que algum pássaro possa aproveitá-los.
Beijos.
Olá Sonia,
Fico muito contente por ter gostado dos meus ninhos, conservo-os há muitos anos pois não consigo desfazer-me deles por os achar umas verdadeiras obras-primas.
Faço ideia como ficou triste quando os filhotinhos do João-de-barro caíram e morreram, e os pais sofrem, à maneira deles, quando perdem as suas crias.
Achei de uma grande ternura espalhar o algodão e felpas no jardim para serem aproveitados pelos pássaros para construírem os seus ninhos. Muito bonito e bem haja pela sua generosidade.
Um beijinho grande.
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