quinta-feira, 29 de novembro de 2012

 STA  IRIA
 N'um rio virginal d'agoas claras e mansas,
Pequenino baixel, a santa vae boiando...
Pouco e pouco, dilue-se o oiro das suas tranças
E, diluido, ve-se as agoas aloirando.

Circumda-a um resplendor, a luzir esperanças,
Unge-lhe a fronte o luar, avelludado e brando,
E, com a graça etherea e meiga das crianças,
Formosa Iria vae boiando, vae boiando...

Á lua, cantam as aldeãs de Riba-Joia,
E, ao verem-na passar, phantastica barquinha,
Exclamam todas: «Olha um marmore que aboia!»

Ella entra, emfim, no Oceano... E escuta-se, ao luar,
A mãe do pescador, rezando a ladainha
Pelos que andam, Senhor! sobre as agoas do mar...

(texto de António Nobre,  1885, in 'Só' )
 

 
A todos os Tomarenses e crentes na Santa Iria, venho dar a BOA NOVA: 
O Padrão da Santa Iria, localizado na Ribeira de Santarém, junto à margem direita do Rio Tejo, onde, segundo a tradição, veio repousar o sarcófago com o corpo da Santa , a mártir,  foi todo arranjado e alindado, sendo agora um local de culto mais visitado por muitos crentes.

 Fui visitá-lo e tirei umas fotos, para vos mostrar:






Fiquei satisfeita com a visita.
 

sábado, 24 de novembro de 2012

 
O SONHO COMANDA A VIDA... 
 
 
Numa aldeia próximo de Rio Maior, chamou-me a atenção uma quantidade de estatuetas feitas de troncos de árvores, à beira da estrada. Estavam expostas num terreno elevado  entre árvores e em frente havia um casario.    Nunca tinha visto nada igual, tal a sua originalidade!
Desci do carro, não via viva alma. Tirei a máquina fotográfica e aguardei que aparecesse alguém a quem pedisse licença para fotografar e manifestar a minha surpresa por encontrar ali, naquele sítio, em pleno campo, obras daquela natureza. Finalmente, apareceu uma senhora já dobrada pela idade, de uma grande simpatia que me esclareceu que aquelas peças tinham sido feitas pelo seu filho artesão,  mas que se encontrava  no campo. 
Conversámos, conversámos e fotografei:

 
         
 
 
 Entretanto, apareceu o filho, o artesão, o grande artista... Confidenciou-me que o bichinho pela arte de esculpir troncos e raízes de árvores o acompanhou desde criança e agora, na aposentação, se tinha dedicado a tempo inteiro àquela  actividade . Explicou-me que as peças expostas na rua eram feitas de troncos velhos  para as crianças se divertirem e convidou-me a visitar o seu atelier.Era um espaço enorme, com várias divisões, bancadas e ferramentas de trabalho aqui e ali, montes de raízes  retorcidas, de árvores diversas, umas a secarem, outras em fase de laboração, e finalmente mostrou-me o seu mundo de OBRAS ACABADAS...
Fiquei de boca aberta perante tanta arte e beleza!
Um verdadeiro santuário, uma catedral de maravilhas! Cristos, Aves, Santos, figuras míticas criadas e saídas do seu imaginário, dignas de figurarem num museu de arte.
Este artesão, Sr. José Costa (Costa Du'Arte, seu nome artístico) é um artista autodidacta, tem unicamente a grande escola da vida onde aprendeu a sentir o gosto pela natureza, através de troncos e raízes de árvores, uma simbiose espontânea entre a realidade e o sonho, esculpindo autênticas obras de arte!
O SONHO COMANDOU A VIDA do Sr. José Costa desde a infância, e com toda a sua paixão tornou-se num grande artista.
Perante a minha surpresa e o prazer que tive por tudo o que vi, não quis deixar de partilhar convosco algumas destas maravilhas da natureza.
Espero que gostem, eu gostei muito:

                                                                                                                 
                                                    
   
  
E para finalizar, o gato do senhor artesão posou para mim:
 
                                               


quarta-feira, 14 de novembro de 2012

GÁRGULAS (I)
 
"As gárgulas, na arquitectura  são desaguadouros, ou seja, são a parte saliente das calhas de telhados que se destina a escoar águas pluviais a certa distância da parede e que, especialmente na Idade Média, eram ornadas com figuras monstruosas, humanas ou animalescas, comumente presentes na arquitetura gótica. O termo tem origem do francês gargouille, originado de gargalo ou garganta, em Latim gurgulio, gula. Palavras similares derivam da raiz gar, engolir, a palavra representando o gorgulhante som da água; em italiano: doccione; alemão: Ausguss, Wasserspeier.
Acredita-se que as gárgulas eram colocadas nas Catedrais Medievais para indicar que o demónio nunca dormia, exigindo a vigilância contínua das pessoas, mesmo nos locais sagrados ".
(texto copiado da wikipédia).
Aqui vos deixo algumas gárgulas que capturei no Mosteiro da Batalha, num dia chuvovo. Espero que gostem:            
 
 
 
 
 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012


TERRAS DE XISTO (II)
EM CAMINHO DE SANTIAGO
Como prometido, aqui estou a partilhar de novo com os meus amigos(as) mais alguns testemunhos que recolhi nos meus passeios por terras de xisto, lugares serranos de uma beleza invulgar e que ficaram gravados no meu coração:


Aldeia "Colmeal"
A estrada de Santiago "Via Látea" na encosta da Serra
simbolizada por uma concha indicando as várias direcções
Entrada do Museu Monsenhor A.Nunes Pereira.
Neste espaço museológico pode-se ver o espólio pessoal do Monsenhor,
como pinturas, utensílios etc.
"Fajão"
Casa de pedra restaurada, com inscrição do ano  (1881)
"Fajão" 
Casas todas de pedra
"Fajão"
Igreja de "Fajão"
Aldeias no sopé da Serra do Açor
Casa de pedra com inscrição do ano de construção (1869)
"Fajão" 
Vista das aldeias nos socalcos e minifúndios no sopé
da Serra do Açor
 
 
 

E para finalizar... 
 Um gato serrano
desceu a ruela muito íngreme, a correr na minha direcção e imaginem,
 queria vir comigo...
UM PASSEIO A REPETIR E A RECOMENDAR

sexta-feira, 2 de novembro de 2012



DIA DE FINADOS
DIA DOS QUE PARTIRAM PARA SEMPRE


 
O dia de Finados é o dia da celebração da vida eterna dos nossos entes queridos!
Mas será que os nossos entes queridos só terão direito a um dia especial no ano para serem lembrados?...
Não, não concordo!
Os nossos entes queridos que partiram para sempre
deveriam ser recordados todos os dias!
Todos os dias ao acordar vêm-me à memória imensas lembranças deles...
É o agradecimento de estar viva e de me reconhecer como um ser
que foi gerado por eles, que nasceu, cresceu, e foi amado,
É o bom dia matinal que trocávamos com alegria,
É o lugar vazio na mesa que deixou de estar ocupado pelo nosso
ente querido e passou a pertencer a outra pessoa,
É a chávena de café que tantas vezes foi cheia e esvaziada ao sabor
das torradas estaladiças e das conversas que mantivemos na sua companhia,
É o prato e o talher especial a que se habituara,
É o pão torrado, mas não muito...
É a sobremesa docinha ou não, mas especial. Enfim!...
Ao sair da mesa e ao deslocar-me para outra parte da casa,
as lembranças estão ao alcance dos meus dedos e do meu olhar...
É o sofá onde se recostava e de onde apreciava o programa televisivo que mais lhe agradava,
É a encharpe quentinha que desdobrava sobre os seus ombros,
São as fotos espalhadas pelos móveis e prateleiras que me trazem à memória,
tantas e tantas lembranças de momentos de ternura vividos em comum
e com tanta intensidade!
É uma peça de roupa sua que repousa inerte no fundo da gaveta da cómoda,
com o seu perfume inconfundível,
Mais lembranças???
Tantas e tantas mais...
É a janela de onde tantas vezes se debruçou para observar o nosso jardim florido...
e onde o seu olhar se deteve vezes sem fim em busca do todo e do nada,
São os nobres valores que me transmitiu e que teimo orgulhosamente em seguir,
É a sua imensa gratidão por tão pouco que lhe oferecia!!!!!.....
Será preciso um dia especial para os nossos entes queridos serem lembrados?
Não!
Incapazes de retroceder no tempo e trazê-los de volta ao lugar que lhes pertencia,
os nossos entes queridos merecem, por direito, ser lembrados
todos os dias da nossa vida, e não um único dia do ano!...
PAZ ÀS SUAS ALMAS!